Eu sei que eu sou estranha. Sei que sou complicada, problemática, difícil, inconstante, exagerada... e todos esses outros adjetivos que se aplicam à uma pessoa dificil de se interpretar, que ninguém, nem a própria, consegue compreender. É que eu tenho a mania de complicar as coisas, de ver sempre um obstáculo em tudo, só para eu poder sentir o gostinho do desafio, da superação de uma dificuldade. Sabe, eu já apanhei muito da vida, das pessoas, do mundo e depois de tanta decepção, as coisas pararam de doer tanto em mim. Isso não quer dizer que doa mais, ainda dói, às vezes dói muito... mas dói com uma certeza de que vai passar. Estranho, mas essa certeza faz doer de um jeito menos doloroso do que era antes. Eu parei de me importar tanto, de me iludir tanto. É como se ver sempre um problema, uma dificuldade, um erro, um ponto negativo fosse me preparar para uma (outra) possível decepção. Quem já se decepcionou muito com as pessoas sabe que isso acontece... você pára de achar que o amor é lindo, que ele(a) é perfeito(a) e que vocês ficarão juntos para sempre... você pára de achar que qualquer pessoa legal, que te tratou bem ou que te deu apoio em um momento difícil é um amigo... você passa a contar nos dedos em quem pode confiar... e ainda assim, confia desconfiando. Por outro lado, você passa a aceitar que ninguém é perfeito, que todo mundo erra e que todos vão te decepcionar um dia... cabe à você decidir quem vale apena perdoar. A realidade da vida, da minha vida, é que eu já conheci uma porção de gente... gente boa, gente mais ou menos, gente ruim, gente muito ruim, mas gente muito boa também e, de tudo e todos, me restou apenas um coração partido, cheio de remendos, meio desencorajado e muito descofiado, mas que sabe reconhecer a beleza da vida. Que se danem os que me fizeram sofrer, que se danem os que me enganaram, que se danem os que não gostam de mim... Vocês não me fazem a menor falta. Existe coisas muito mais importantes na vida. E no final de tudo, "É a vida, é bonita e é bonita."