Resolvi escrever para tentar
expressar o que tenho sentido nos últimos dias. Tentar decifrar essa sensação
de impotência e medo que tem tomado conta de mim.
Eu não estou triste, nem
arrependida (arrependida de que? Só se arrepende do que se escolhe!), nem com
raiva, nem nada do tipo. Eu tenho me sentido como um barquinho de papel que
está sendo levado maré.
A verdade é que nós não
escolhemos um ao outro para ser pai e mãe dos nossos filhos. Eu não te escolhi
para viver comigo e nem você me escolheu para sua mulher. Aconteceu. E quando
acontece, a gente não sabe se o outro está com a gente porque realmente é isso
que ele/ela quer ou se está tentando fazer dar certo em nome de um filho. Sempre
fica aquela dúvida: será que é isso que ele/ela queria?
Acho que no fundo nem mesmo a
gente sabe...
É difícil encarar as coisas
quando você se vê diante de uma outra realidade em que você terá de mudar,
encarar novos rumos, novas responsabilidades. Você olha pra si mesmo e
pergunta: “Já?”
Nós não nos escolhemos, nós não
planejamos, nós, se quer, havíamos falado em casamento, em filhos, em viver
juntos. E eu sempre achei que, ou você não era o tipo de que queria essas
coisas ou simplesmente não pensava nisso comigo. E pra ser bem franca, eu
também nunca havia pensado em ter filhos ou casar com você. Não que eu não
quisesse, mas sempre achei nós, nosso relacionamento, muito verde para pensar
em tal coisa. E de repente, nos vimos diante desta situação inesperada.
Geralmente, as pessoas pensam
muito antes de tomar decisões como estas e nós tivemos que tomá-las assim, pela
pressão da ocasião. A gente não se preparou, a gente não sabe se queria isso. Mas
quando digo que a gente não sabe se queria não quer dizer que eu não esteja
querendo, ou que eu ache que você também não quer. É só uma maneira de dizer
que a gente, lá no fundo, fica confuso, com medo. Não tivemos tempo de nos
adaptar à ideia. Foi muito rápido.
Eu penso em você e sinto uma insegurança
imensa, não sou o tipo de mulher insegura, sem auto confiança, não é isso,
confio muito em mim, “no meu taco”. Mas algo me impede de ficar tranquila com
relação a você e seu comportamento. Você não é tipo mau caráter, cafajeste, ao
contrário, se mostrou um homem de verdade neste momento. Mas tem alguma coisa. Não
se explicar.
Eu não se você mudou, se passou a
ser quem realmente é, mas você não é mais o mesmo o do começo. Talvez a culpa tenha sido minha ou talvez tenha
sido o tempo... mas a verdade é que os sentimentos mudaram. Deixo bem claro que
os sentimentos terem mudado não significa que nós não gostemos mais um do
outro. Gostamos sim, pelo menos eu tenho certeza que gosto de ti e acredito no
seu sentimento por mim.
Eu acho que eu acreditei demais
nas palavras que são ditas no começo do relacionamento. Você me pareceu bem
mais sincero do que é de fato (não que você não seja, mas eu achei que nunca
descobria, por exemplo, que você mentiu para mim). Sempre achei que você era um homem
sério e que quando se envolve em um relacionamento, se doa de corpo e alma e
respeita em todas as circunstâncias a sua parceira. Mas a verdade é que você é
um ser humano, um homem normal, como os outros, com um coração bom, com
inúmeras qualidades, mas cheio de falhas também. Eu acho que eu te idealizei
demais. Coloquei em você a esperança para todas as minhas frustrações. Achei que
era o homem perfeito, o sonho de toda mulher. Mas quem é perfeito? Nós somos
humanos e humanos erram e estão sempre insatisfeitos.
Só que, mesmo com tantas dúvidas, e medos, e
confusões, e inseguranças, e.. e.. e.. a verdade é que tudo isso se torna
insignificante quando comparados a emoção de ter um filho. E eu só espero que
nossa filha venha para acabar de vez com tudo que há de errado entre nós e nos unir cada vez mais.